Contos
A menina e o sapo
Nina, menina airosa, formosa como ela só.
Bonito era ver Nina correr.
Ora corria rápido, feito tufão, ora devagar, parecendo brisa.
Nina corria pelo jardim.
Nina caía no gramado.
Nina fazia folia. E ria.
À noite, cansada das travessuras do dia, a menina dormia.
Certa vez, enquanto passeava pelo jardim, Nina viu um sapo.
Sapo também viu Nina.
"Será que, se Nina beijar o sapo, sapo vira príncipe?"
Nina não sabia, mas ficava imaginando como isso seria.
Nina beijou o sapo.
Sapo continuou sapo.
Não virou príncipe.
Mas se apaixonou por Nina.
Agora, onde Nina está, lá se vê o sapo apaixonado suspirando pela menina.
Na cabeça do sapo, Nina é uma princesa-sapa, transformada em menina por uma terrível feiticeira.
Bonito era ver Nina correr.
Ora corria rápido, feito tufão, ora devagar, parecendo brisa.
Nina corria pelo jardim.
Nina caía no gramado.
Nina fazia folia. E ria.
À noite, cansada das travessuras do dia, a menina dormia.
Certa vez, enquanto passeava pelo jardim, Nina viu um sapo.
Sapo também viu Nina.
"Será que, se Nina beijar o sapo, sapo vira príncipe?"
Nina não sabia, mas ficava imaginando como isso seria.
Nina beijou o sapo.
Sapo continuou sapo.
Não virou príncipe.
Mas se apaixonou por Nina.
Agora, onde Nina está, lá se vê o sapo apaixonado suspirando pela menina.
Na cabeça do sapo, Nina é uma princesa-sapa, transformada em menina por uma terrível feiticeira.
Autora:
Marcia Paganini Cavéquia
Aprendizagem
- Mãe, cabelo demora quanto tempo pra crescer?
- Hã?
- Se eu cortar meu cabelo hoje, quando é que ele vai crescer de novo?
- Cabelo está sempre crescendo, Beatriz. É que nem unha.
A comparação deixa a menina meio confusa. Ela não está preocupada com unhas.
- Todo dia, mãe?
- É, só que a gente não repara.
- Por quê?
- Porque as pessoas têm mais o que fazer, não acha?
A menina não sabe se essa é uma pergunta do tipo que precisa ser respondida ou é daquelas que a gente ouve e pronto. Prefere não responder.
- Você é muito ocupada, não é, mãe?
- Hã?
- Nada, não.
A mãe termina de passar a roupa e vai guardando tudo no armário.
Enquanto isso, Beatriz corre até o quartinho de costura, pega a fita métrica e mede novamente o cabelo da boneca. Ela tinha cortado aquele cabelo com todo o cuidado do mundo, pra ficar parecido com o da mãe, mas a verdade é que ficou meio torto.
"Nada, não cresceu nada", ela conclui, guardando a fita. E já tem uma semana!
Depois volta para onde está a mãe, que agora lustra os móveis.
- Mãe, existe alguma doença que faz o cabelo da gente não crescer?
- Mas de novo essa conversa de cabelo! Não tem outra coisa pra pensar não, criatura?
Sobre essa pergunta não há dúvida: é do tipo que você não deve responder.
A mãe continua trabalhando. Precisa se apressar. Dali a pouco a patroa chega da rua e o almoço nem está pronto ainda.
- Mãe!
- O que foi?
- É que eu estava aqui pensando.
- Pensando o quê?
Beatriz não responde. Espera um pouco, tentando achar as palavras certas.
- Vai, fala logo.
- Quando a gente faz uma coisa, sabe, e não dá mais para voltar atrás, entendeu?
- Não, não entendi.
Ela abaixa a cabeça, dá um tempinho e resolve arriscar:
- Então, se você não entendeu, posso continuar perguntando sobre cabelo?
- Ai, meu Deus!
Beatriz deixa a mãe trabalhando e vai procurar de novo sua boneca.
Pega a boneca no colo e diz no ouvido dela:
- Não liga, não. Cabelo de boneca é assim mesmo, cresce devagar, viu?
E com um carinho:
- Foi minha mãe que me ensinou.
- Hã?
- Se eu cortar meu cabelo hoje, quando é que ele vai crescer de novo?
- Cabelo está sempre crescendo, Beatriz. É que nem unha.
A comparação deixa a menina meio confusa. Ela não está preocupada com unhas.
- Todo dia, mãe?
- É, só que a gente não repara.
- Por quê?
- Porque as pessoas têm mais o que fazer, não acha?
A menina não sabe se essa é uma pergunta do tipo que precisa ser respondida ou é daquelas que a gente ouve e pronto. Prefere não responder.
- Você é muito ocupada, não é, mãe?
- Hã?
- Nada, não.
A mãe termina de passar a roupa e vai guardando tudo no armário.
Enquanto isso, Beatriz corre até o quartinho de costura, pega a fita métrica e mede novamente o cabelo da boneca. Ela tinha cortado aquele cabelo com todo o cuidado do mundo, pra ficar parecido com o da mãe, mas a verdade é que ficou meio torto.
"Nada, não cresceu nada", ela conclui, guardando a fita. E já tem uma semana!
Depois volta para onde está a mãe, que agora lustra os móveis.
- Mãe, existe alguma doença que faz o cabelo da gente não crescer?
- Mas de novo essa conversa de cabelo! Não tem outra coisa pra pensar não, criatura?
Sobre essa pergunta não há dúvida: é do tipo que você não deve responder.
A mãe continua trabalhando. Precisa se apressar. Dali a pouco a patroa chega da rua e o almoço nem está pronto ainda.
- Mãe!
- O que foi?
- É que eu estava aqui pensando.
- Pensando o quê?
Beatriz não responde. Espera um pouco, tentando achar as palavras certas.
- Vai, fala logo.
- Quando a gente faz uma coisa, sabe, e não dá mais para voltar atrás, entendeu?
- Não, não entendi.
Ela abaixa a cabeça, dá um tempinho e resolve arriscar:
- Então, se você não entendeu, posso continuar perguntando sobre cabelo?
- Ai, meu Deus!
Beatriz deixa a mãe trabalhando e vai procurar de novo sua boneca.
Pega a boneca no colo e diz no ouvido dela:
- Não liga, não. Cabelo de boneca é assim mesmo, cresce devagar, viu?
E com um carinho:
- Foi minha mãe que me ensinou.
Autor: Flávio
Carneiro
É Siri, É Bebê, É Corda
Lá em casa mora um siri. Não fui eu que trouxe,
não.
Ele veio me seguindo pela praia. Atravessou a rua, desviou dos carros. Eu só espiava. Ele vinha atrás.
O siri não tem cama. Dorme na tigela de comida do cachorro.
E o cachorro tem medo do siri porque já levou um beliscão no focinho.
Eu não sei o que o siri come, nem o que ele bebe.
Mas ele continua vivo e mora nessa casa faz tempo. Acho até que engordou.
Minha mãe também engordou.
Eu perguntei para minha mãe:
- O que tem aí dentro da sua barriga?
Ela respondeu com uma cara toda feliz:
- Um bebê. Seu irmão.
Eu fiquei lembrando do siri e fiz outra pergunta:
- Será que o siri também tem um bebê na barriga?
Minha mãe fez cara de quem não sabia o que dizer. Mas disse:
- Ah, siri não. Siri põe ovo.
- E você não põe?
- Claro que não!
- Você tem certeza que o bebê tá dentro da sua barriga, mãe?
- Tenho, filho.
- E por que você comeu ele?
Minha mãe deu uma gargalhada. Me abraçou bem comprido e disse que ia me explicar tudo, tintim por tintim, mais tarde.
Ela falou assim: tintim por tintim.
Então, eu me esqueci do siri, do bebê e só pensei:
"Tintim é o barulho que os copos fazem quando os adultos batem um contra o outro em dia de festa!" Aí comecei a lembrar do meu aniversário...
Por que será que meu pensamento pensa desse jeito?
Quer dizer, por que ele fica pulando de uma idéia para outra sem parar?
Aliás, por falar em pular...
Alguém quer pular corda comigo?
Ele veio me seguindo pela praia. Atravessou a rua, desviou dos carros. Eu só espiava. Ele vinha atrás.
O siri não tem cama. Dorme na tigela de comida do cachorro.
E o cachorro tem medo do siri porque já levou um beliscão no focinho.
Eu não sei o que o siri come, nem o que ele bebe.
Mas ele continua vivo e mora nessa casa faz tempo. Acho até que engordou.
Minha mãe também engordou.
Eu perguntei para minha mãe:
- O que tem aí dentro da sua barriga?
Ela respondeu com uma cara toda feliz:
- Um bebê. Seu irmão.
Eu fiquei lembrando do siri e fiz outra pergunta:
- Será que o siri também tem um bebê na barriga?
Minha mãe fez cara de quem não sabia o que dizer. Mas disse:
- Ah, siri não. Siri põe ovo.
- E você não põe?
- Claro que não!
- Você tem certeza que o bebê tá dentro da sua barriga, mãe?
- Tenho, filho.
- E por que você comeu ele?
Minha mãe deu uma gargalhada. Me abraçou bem comprido e disse que ia me explicar tudo, tintim por tintim, mais tarde.
Ela falou assim: tintim por tintim.
Então, eu me esqueci do siri, do bebê e só pensei:
"Tintim é o barulho que os copos fazem quando os adultos batem um contra o outro em dia de festa!" Aí comecei a lembrar do meu aniversário...
Por que será que meu pensamento pensa desse jeito?
Quer dizer, por que ele fica pulando de uma idéia para outra sem parar?
Aliás, por falar em pular...
Alguém quer pular corda comigo?
Autora: Milu Leite
Caixinha Mágica
Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não
cabe em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.
Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio
e, para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.
O que é que você quer
esconder na minha caixa?
cabe em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.
Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio
e, para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.
O que é que você quer
esconder na minha caixa?
Autora: Roseana Murray
Fonte:
Nova Escola
muito bom esses contos parabéns
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